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A SETA - Sociedade Portuguesa para o Desenvolvimento da Educação e do Turismo Ambientais é uma Organização Não Governamental de Ambiente (ONGA) com o estatuto de Associação fundada em 24 de Fevereiro de 2005, inscrita no IA. Vai servir este blog para partilharmos os nossos "Feitos" enquanto "Setistas" umas vezes "se/atisfeitos", outras nem tanto...

11 setembro, 2008

Uma crónica da Expo' 08


Ao pisar pela primeira vez Aranjuez, espreguiço-me para expulsar a dormência que percorre todo o meu corpo.
São 14h30 e estamos há sete horas e meia no autocarro, exceptuando a paragem para almoço numa estação de serviço.

Um intenso calor faz-se sentir à medida que percorremos a distância que nos separa do Palácio Real de Aranjuez e dos seus jardins, mas, quando começamos a visitar os mesmos, observando as estátuas de deuses clássicos e buscando as tão afamadas casas de namoro (esforço vão!), a temperatura parece tornar-se mais fresca. Tal facto, explica o nosso Grão-Mestre, é resultado da condução e aproveitamento da água dos contíguos rios Tejo e Jarama, que refrescam as de outra forma áridas e secas redondezas. Não vou registar nesta crónica todas as explicações sobre a arquitectura, genealogias e outros assuntos relacionados, até porque não as decorei vos quero aborrecer demorando-me demais em cada tema:

Adiante!
Uma visita ao Palácio (encomendado por Filipe II — I de Portugal — como uma das residências reais espanholas) mais tarde, eis-nos de volta ao autocarro, onde temos a oportunidade de dedicarmos mais três horas e meia da nossa vida às mais diversas e estimulantes actividades — reflexões filosóficas, puzzles de su doku, debates sobre a importância vital da água no dia-a-dia, dormir…
É claro que, após o jantar (já no Hotel Rio Piedra, em Nuévalos), todos estávamos estafados de tanto tempo passado aflitivamente enclausurados nesse transporte, e prontos para uma boa noite de sono.


Convém introduzir aqui um aparte, em jeito de explicação — a escolha do hotel tinha tido em conta, conforme o acima mencionado Guru explicou de forma apaixonada, a nossa necessidade de escapar ao pesadelo agitado das urbes, sendo dotado de paisagens campestres e idílicos cenários, numa paradisíaca e pastoril região pouco abalada pela agitação propícia dessas inquietas cidades. Tudo muito bonito mas — o que um mau timing não pode fazer! — quiseram as Parcas que chegássemos a tão bucólico local na semana das festas da aldeia. Ora, isto só por si não seria mau se as festas fossem daquelas tradicionais, com comes, bebes e danças em que indivíduos com fatos pitorescos fazem uma roda e cantam de acordo com os seus costumes. Mas — e quanta vontade não causam estas coisas de, pessoalmente, agredir Murphy com força — tratava-se de uma daquelas festas com música que se ouve a quilómetros, em que dezenas de pessoas (saídas não se sabe de onde, dado o tamanho lá do sítio) bebem como se não houvesse amanhã e depois percorrem as ruas aos gritos e… vocês percebem a ideia.

Em conclusão, no dia seguinte metade do grupo só tinha dormido algumas horas, sendo que a outra metade era a que não tinha pregado olho a noite inteira.
Ideal para alguém que tem de acordar às seis e picos da manhã para se ir meter na Expo’08!

Quando dou por mim, estou a correr desvairadamente com outros quatro elementos do grupo, em direcção às descomunais filas que dão para a dita exposição. Não podemos arriscar perder tempo algum, de tal forma cheia está esta Expo que nos serviu de pretexto à viagem. Mal tenho tempo para olhar para os muitos pavilhões que há ali à volta, e menos ainda para fixar os seus nomes e localizações, enquanto passo por eles a toda a velocidade.

Escolhida como localidade para albergar a exposição, Saragoça, cujo nome reflecte o seu grande impulsionador, César Augusto — Cæsaraugusta — é a capital da região de Aragão e, já todos o sabemos, alberga a exposição que visitámos nesse dia 29/08, cujo tema, este ano, é Água e Desenvolvimento Sustentável.
E que exposição! De tal forma grande, muito dificilmente seria possível ver todos os pavilhões, para mais que alguns têm longas filas de horas e horas. Percorrendo-a separados, em pequenos grupos, visitámos vários pavilhões à escolha, os temáticos, os nacionais, os de comunidades autónomas… sem esquecer os espectáculos que ocorriam.




Impossível ver tudo em tão pouco tempo! Deitei uma vista de olhos à maioria dos pavilhões dos países (distribuídos pelos edifícios Sol, Chuva e Vento), excepto aqueles que tinham filas de várias horas, dos quais só fui ao do Japão (o de Espanha, esse, estava fora de questão) e mais meia dúzia que me escaparam. Percorri vários pavilhões temáticos (incluindo o da Água Extrema – um must…), também eles com filas descomunais e alguns das autónomas, visitei o Aquário, assisti a um teatro no El Faro (vem-me à cabeça a frase proferida por um dos animadores, referente aos comentários das pessoas quando saíam da Expo: — eu estive na fila para o pavilhão de Espanha.Eu estive na fila para o pavilhão da Alemanha. Mas, conforme o dito animador nos fez notar, nós podíamos dizer: — eu estive no El Faro! Tomem lá, «filadores», nós vimos de facto coisas que não fossem filas sem-fim!) e, à noite, assistimos a um impressionante espectáculo no Iceberg, realizado tendo em vista agitar mentes…
Para mais detalhes sobre a Expo’08, é favor visitá-la. Ou clicar aqui.
No meio de tanta agitação, quando chegámos ao Hotel passava da uma da manhã, a hora exacta em que tinha início a festa do burgo. Que agradável!
Dia 30. Para compensar a chegada tardia, só saímos do Hotel às 11h00. O primeiro local onde nos dirigimos neste dia, para desespero da companheira Olga, foi a foz do rio Dulce e o Alto Tejo, uma paisagem cársica em forma de várias foices. Através do miradouro Félix Rodrigues de la Fuente, observámos o panorama do canhão aberto e uma mão-cheia de aves, tendo ainda feito um percurso a pé desde Pelegrina, uma pequena aldeia com uma igreja românica do séc. xii e um castelo da mesma época, até Aragosa, outra aldeia igualmente refundida. Daí, seguimos para Ambrona. A ideia era ir ver a jazida de fósseis de mamute que aí se encontra, mas o acesso foi impossível, pelo que só tivemos possibilidade de ver alguns ossos e a descomunal réplica de um mamute em tamanho real que aí se localiza. Mais ou menos inconformados, fomos novamente para o autocarro e ainda visitámos o aglomerado de Medinaceli, onde se localiza um arco romano. Presumivelmente, esta terra foi a cidade de Occilis, ponto de destaque na guerra contra os Celtiberos. Este local está também ligado à família do mesmo nome, Medinaceli, uma família rica com uma história demasiado rebuscada para eu a contar aqui. E visto que no meio disto tudo já estava gente um bocado para o cansada, decidimos que visitaríamos os jardins do Mosteiro de Pedra no dia seguinte e dirigimo-nos rapidamente para o Hotel. Com sorte, ainda conseguiríamos adormecer antes da Festa. De entre os companheiros contudo, houve quem não deixasse de ir a tão barulhento festejo: que lhes tenha feito bom proveito, que eu, cá por mim, a essa hora já estava a dormir.
Seguindo a velha máxima do deixa para amanhã o que supostamente farias hoje, foi só na manhã do dia 31 que visitámos os jardins do Mosteiro de Pedra… e que jardins! O colossal parque nas redondezas do mosteiro é um lugar edénico de extrema beleza natural, um ambiente viçoso cheio de quedas de água, rios rumorejantes, grutas, musgos e árvores de todas as espécies, plantadas no meio de um ambiente árido. Este jardim foi resultado do aproveitamento das águas do rio Piedra para a piscicultura, levando à organização da paisagem de acordo com os ideais clássicos, uma perspectiva romântica que nos é familiar, por exemplo, em Sintra. Do jardim passamos ao mosteiro em si. Adaptado de uma fortaleza moura, foi utilizado pelas monjas da Ordem de Cister durante 700 anos até ser adquirido por um privado. Um mosteiro construído num estilo de transição entre o Românico e o Gótico, as estátuas e figuras que o decoravam foram destruídas num período anticlerical. Mosteiro visitado e já passa das 11h00, por isso lá vamos todos novamente para o autocarro, para mais algumas horas de viagem. Sofrimento interrompido para o almoço, novamente para o autocarro até chegarmos a Madrid. Foi aí que visitámos a exposição - Os Tesouros Submersos do Egipto, agradável pausa para uma viagem já custosa. Localizada no antigo matadouro, esta exposição mostra-nos vestígios do Antigo Egipto descobertos no fundo do oceano, em frente à costa da cidade de Alexandria.
E foi esta exposição que marcou a última visita do nosso grupo. Após mais algumas horas de viagem chegámos a casa e, alguns dias depois, aqui estou eu, a escrever estas linhas e a recordar os momentos passados em Saragoça e arredores.


Gil Henriques

17 comentários:

Anónimo disse...

Gilito
Tu és o máximo !
Gostei sobretudo da FIESTA !
E tu gostaste da viagem ?
Guru / Grão Mestre / qq coisa mais

bettips disse...

Já li ...mas hei-de cá vir "linkar" tudo o que está por aí.
Que belíssimo passeio, de cultura e desenvolvimento, das mentes (e da paciência para as festas de aldeia! Tiveram sorte não ser a da tomatada...). Muito grata, à Cerejinha e a todos os mestres do grupo simpático!

Anónimo disse...

Obrigada Gil por mais uma fabulosa descrição dos nossos passeios . Muito me ri com a recordação de momentos atribulados que não deixaram de ficar na memória como positivos.Apesar das horas de autocarro valeu a pena .Adorei e já estou desejosa de mais. Que tal pensares em escrever um livro? Garanto que compro !

M. disse...

Graças à Cerejinha pude ler-vos com prazer imenso.

anónimo disse...

Fiquei com vontade de também ter ido convosco.

Lavandula angustifolia disse...

Muito bom o teu texto.Quanta informação, no teu habitual estilo solto, cheio de humor e qualidade! As noites mal dormidas (ou não dormidas) é que estragaram tudo... Mas valeu a pena. Obrigada Gil. Continua a escrever. Todos nós gostamos muito.

Cerejinha disse...

AI...Lavandula Angustifólia....por isso tanto tempo para escolher o nome....tinha de sair assim! Uma coisa perfeitinha! LoL!!!!!!!!!!!!!


Gil, meu querido!!!!!!!!!!!!!
Quanta baba!!!!!!!!!!!
Pensar que saiu de dentro de mim!!!!!!!!!!!!!!!

Lavandula angustifolia disse...

A minha intenção ao adoptar este nome foi fazer rir quem me lesse e acho que já consegui.Só não consegui que Lavandula me saísse com letra maiúscula, porque, como nome científico (neste caso, de um arbusto de que gosto muito), deve escrever-se com maiúscula, designando o género, e angustifolia, com minúscula, designando a espécie. E sem acentos. Aprendi isto na Arméria nº1. Espero que alguém me ensine como obrigar Lavandula a aparecer com letra maiúscula. Ou será que não pode?

Lavandula angustifolia disse...

A minha intenção ao adoptar este nome foi fazer rir quem me lesse e acho que já consegui.Só não consegui que Lavandula me saísse com letra maiúscula, porque, como nome científico (neste caso, de um arbusto de que gosto muito), deve escrever-se com maiúscula, designando o género, e angustifolia, com minúscula, designando a espécie. E sem acentos. Aprendi isto na Arméria nº1. Espero que alguém me ensine como obrigar Lavandula a aparecer com letra maiúscula. Ou será que não pode?

Lavandula angustifolia disse...

Peço desculpa pela repetição. Foi sem querer.

Anónimo disse...

LAVANDULA
Estou desejosa por descobrir quem é .Para já espero que goste da escrita em maiúsculas. E já me está a dar trabalho pois tenho de descobrir o seu nome não cientifico. eheheh

Lavandula angustifolia disse...

Estou a achar muito divertido não descobrirem quem sou.
Gaivota sorridente, posso dar-lhe umas dicas: Trocamos mails com alguma frequência e trabalhamos juntas algumas vezes. Não fui à Expo o8. O meu nome não científico é Alfazema. E...por hoje...chega...

Cerejinha disse...

Alto aí! Essa do não descobrirem é para a Gaivota! Eu cá descobri e dei uma dica aqui:


"por isso tanto tempo para escolher o nome....tinha de sair assim! Uma coisa perfeitinha!"

É ou não é?!? Ah, pois é!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Bem lá à Alfazema eu já tinha chegado mas agora com a história da coisa perfeitinha é que me desorientei de novo. Se calhar já lá cheguei mas ...esteve no jantar?

Lavandula angustifolia disse...

Gaivota sorridente
Estive no jantar e na Viagem a Penacova.
Mais uma dica:
Não sou loira nem morena,
muito menos "perfeitinha".
A Cerejinha brincou,
quando me classificou.

Para me identificar,
este enigma deve decifrar:

"-Muita neve vai na serra!
-Já, Senhor, é tempo dela..."

Conseguiu? Não?
Talvez na próxima, então...

Anónimo disse...

Já sim querida amigamas não vou dizer aqui... o Webmaster tb estava a desconfiar...
Bjinhos

PS: Ó Gil
Desculpa lá este abuso de comentários que nada tem a ver com o teu texto.

Lavandula angustifolia disse...

Óptimo. Vamos ficar, então, por aqui e guardar segredo, para outros supostos "comentaristas" se divertirem com os "palavrões" com que me baptizei.
Obrigada, Gil, Cerejinha e todos os responsáveis pelo Blog e pelo Site e que estão também dentro do nosso segredo (que qualquer dia já não é). Prometo não abusar mais da vossa paciência.
Gil, espero que continues a dar-nos o prazer da leitura das tuas crónicas.
Parabéns, Cerejinha. É muito perspicaz e tem uns herdeiros lindos.